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Formar o profissional do século 21 exige mais teoria, mais conta e mais escrita

Avaliação é do economista Cláudio de Moura Castro que defendeu investimentos em educação para revolucionar a produtividade brasileira

Especialistas debateram educação que dá certo em um mundo em constante transformação (Foto: Marcus Quint)

Especialistas debateram educação que dá certo em um mundo em constante transformação (Foto: Marcus Quint)

Florianópolis, 17.5.2017 – Mais teoria, mais conta e mais escrita são a fórmula para formar o profissional do século 21. A afirmação é do economista Cláudio de Moura Castro que participou nesta quarta-feira (17) dos debates sobre educação promovidos durante a sexta edição da Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense. O evento, que é realizado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), segue até sexta-feira e abordará ainda os temas ambiente institucional e inovação e tecnologia.

Para Castro, a formação do profissional exige “fazer bem feito o feijão com arroz” para garantir que o profissional do século 21 atenda às exigências do mundo do trabalho. “Quando a gente vai a Cingapura, Xangai ou Finlândia, nota que o segredo é fazer seriamente o feijão com arroz, ou seja, o professor sabe o que vai ensinar, ele aprende a ensinar, a aula começa e termina na hora, não tem greve e há disciplina”, pontua. Para o economista, a educação do Brasil é deficitária. “Nunca foi melhor do que isso, mas é muito ruim. Os avanços que na década de 90 foram substanciais travaram na virada do milênio. O ensino médio encolheu e a qualidade também. Não tivemos progresso significativo nos últimos 15 anos”, avalia Castro.

Castro defendeu ainda que “a maneira de revolucionar a produtividade é por meio da educação profissional”. Ele destacou que a produtividade do trabalhador brasileiro é baixa e não está aumentando. “Isso obviamente tem a ver com educação. Estamos entre os 10 piores resultados do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA, na sigla em inglês). Países mais pobres têm resultados melhores que o do Brasil”, lembrou.

O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, lembrou missão realizada em abril a Cingapura e destacou os avanços registrados pelo País que lidera os rankings do PISA 2015 nos três aspectos avaliados: ciências, matemática e leitura. “O governo incentivou professores, atraiu indústrias e procurou saber que tipo de profissional as empresas buscavam. Além dos conhecimentos técnicos, os alunos foram preparados para a vida, com foco em características socioemocionais”, detalhou Côrte. De acordo com o Banco Mundial, em 2015, Cingapura registrava renda per capita de 53 mil dólares, enquanto que o Brasil possuía 8,7 mil dólares. “O Movimento SC pela Educação tem o mesmo propósito do lema de Cingapura para o século 21: formar cidadãos críticos, que sejam criativos, forte formação técnica, dotados de características socioemocionais e com preparação compatível com as necessidades do mundo do trabalho”, acrescentou.

Para o ex-presidente do IPEA e economista-chefe e fundador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, a educação é solução para o crescimento e redução das desigualdades no longo prazo. “É importante mostrar os retornos da educação e essa informação tem que chegar ao estudante para ele perceber que se estudar mais terá avanços na vida toda em termos de salário, com aumento de 15% para cada ano de estudo”, destacou.

Neri afirmou que o nível de investimento na educação brasileira, especialmente na básica, tem aumentado. “Educação é uma das poucas coisas que o Estado faz que chega nos mais pobres, mas falta transformar toda essa educação em mais produtividade. O Brasil fez o dever de colocar a criança na escola. Agora essa ponte da escola para o mercado de trabalho pode ser reforçada para ajudar o País em ganhos de produtividade como um todo”, defendeu.

Já o professor da Escola de Engenharia da Universidade de Stanford, Paulo Blikstein, destacou que “o sistema educacional que a gente tem hoje no Brasil foi criado na época industrial. É um modelo educacional de produção em massa, onde todos os alunos têm que entrar e sair da escola iguais. Eles aprendem o mesmo conteúdo, do mesmo jeito, naquela ideia de linha de produção”. Ele lembra que o mundo mudou e a economia se baseia no conhecimento. “É o mundo da inovação e a gente precisa repensar o espaço escolar e o currículo para ter mais espaço para invenção, para a criação, para a investigação. Eu crio ambientes de aprendizagem onde os alunos criam suas próprias teorias, onde eles testam suas próprias teorias, inventam novos dispositivos para resolver problemas. E junto com o professor, começam a entender como os conteúdos de ciência, de física, de química, de matemática e tudo mais, podem ajudar nesse processo”, analisou Blikstein.

Ao final do evento, os três especialistas participaram de painel que debateu a educação que dá certo para a formação dos profissionais do futuro em um mundo em constante transformação. As discussões foram moderadas pelo consultor do Movimento Santa Catarina pela Educação e diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Ramos.

Livro Ensinar é aprender – Durante o evento, o SENAI, entidade da FIESC, lançou o livro Ensinar é aprender que relata 40 experiências de alunos da educação profissional de todo o Estado. A publicação consolida a metodologia da educação profissional desenvolvida pelo SENAI.

Importância do estudo – Em evento paralelo à Jornada, a FIESC reuniu interlocutores do Movimento SC pela Educação e representantes das Câmaras Regionais de Educação, dos jovens embaixadores e dos gestores locais do projeto Eu Voluntário. Eles discutiram estratégias para mobilizar a volta aos estudos e a permanência na sala de aula. Soluções educacionais inovadoras, como as desenvolvidas por SESI e SENAI, também foram alvos das atividades.

A Jornada é o principal encontro da indústria do Estado e apresenta temas fundamentais para o desenvolvimento e o futuro do setor. Empresários, diretores e gerentes, autoridades, representantes do universo acadêmico e dirigentes de sindicatos industriais reúnem-se para analisar e debater os desafios.

No dia 19, às 10h30, será realizada a solenidade de entrega da Ordem do Mérito Industrial de Santa Catarina. Os industriais Ademar Sapelli, de Brusque, Álvaro Weiss, de São Bento do Sul, Carlos Rodolfo Schneider, de Joinville, José Samuel Thiesen, de Saudades, além do governador Raimundo Colombo, receberão o mais alto reconhecimento da indústria do Estado, da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC). O industrial Ingo Fischer, de Brusque, receberá a comenda máxima da indústria. A cerimônia de homenagens é exclusiva para convidados.

A Jornada é patrocinada pelo SESI Nacional, SENAI Nacional, SESI/SC, SENAI/SC, PREVISC, CREDIFIESC e BRDE, e conta com o apoio institucional da Associação Catarinense de Imprensa (ACI).

Veja a programação para esta quinta-feira (18 de maio) 

Manhã
INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

8h30 – Credenciamento
9h30 – Abertura
Glauco José Côrte, presidente da FIESC
9h50 – Indústria + Avançada: Difusão de tecnologias de digitalização & conectividade
Marcelo Fabricio Prim – gerente-executivo de inovação e tecnologia do SENAI
10h30 – Liderando o Mercado pelas Tecnologias de Ponta – Tecnologias de Manufatura Avançadas dentro da Produção Digital Integrada
Eckart Uhlmann, diretor do Instituto Fraunhofer de Sistemas de Produção e Tecnologia de Design (IPK) – Alemanha
11h15 – Indústria 4.0 orientada pelo mercado
Engenheiro Naldo Dantas, consultor Inovares Consultores Associados
12h – Inovação de todos os lugares e de todos: usando o universo da inovação para incorporar a inovação em sua empresa (Videoconferência)
Nancy Tennant, professora-adjunta e CEO da Innovation Universe
12h45 – Encerramento

Tarde
AMBIENTE INSTITUCIONAL

14horas – credenciamento
14h30 – Abertura
Glauco José Côrte, presidente da FIESC
14h45 – Os acordos de negociações Internacionais e seus Impactos no comércio mundial
Tatiana Lacerda Prazeres, assessora sênior do diretor-geral da OMC
15h15 – Os acordos de negociações internacionais e seus impactos no comércio exterior brasileiro
Abrão Miguel Árabe Neto, secretário de Comércio Exterior do MDIC e Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI
16h15 – Debate
Mediadora: Maria Teresa Bustamante, presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC
16h45 – Encerramento

19 de maio
10h30 – Solenidade de entrega da Ordem do Mérito Industrial e do Mérito Sindical (evento exclusivo para convidados)
Assessoria de Imprensa
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina